segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Arte Inusitada e Sustentável de Jeane Garbi



Por Ernesto Simões

Em tempos que a ordem do planeta é a sustentabilidade, muitos artistas têm se utilizado deste conceito e também o assunto tem despertado bastante interêsse naqueles que possuem bons olhos para ver mais além, que os restos de lixo propiciam possibilidades  recicláveis e  assim uma forma de expressão artística. 
Desta forma chamou-me atenção o trabalho da artista plástica autodidata Paulistana Jeane Garbi que se despertou para criar artisticamente, com restos  que eram descartados e se transformavam em lixo,  em seu local de trabalho. Desta forma estimulou-se passando  a ver nestes materiais possibilidades plásticas e assim criou assemblages  em espaços bidimensionais, aproveitando  as estruturas de cada material  e as possibilidades de manuseá-los na criação.
O resultado desta sua inserção no mundo das artes lhe possibilitou expressar suas emoções, visão de mundo e elaborar criações artísticas com ritmo, harmonia, unidade, desenvolvendo assim seu senso estético, visto que a arte é uma das suas grandes paixões.
Também o seu trabalho me chama atenção por refletir uma linguagem pessoal, e  a contemporaneidade não somente no que concerne a sustentabilidade, mas a novas e inusitadas formas de expressão. E assim com poucos elementos a artista engenhosamente concebe sua estética e ocupa harmoniosamente o espaço, em composições onde o geometrismo é a concepção, em  obras muito bem elaboradas e construídas.


Sobre sua obra a artista explica:

"Sou uma amante do que é belo. Arte, moda, design e arquitetura, são áreas que enchem meus olhos e estimulam minha criatividade. Minha formação acadêmica é na área de humanas, colaborando para que meus instintos artísticos florescessem. Sou autodidata em meu trabalho artístico, pois depois de vinte anos convivendo em uma mecânica de usinagem, vendo o material excedente que era descartado na execução dos trabalhos, com formas inusitadas e intrínsecas, despertaram e estimularam minha criatividade para iniciar minha proposta de aplicação de metais sobre tela, além de ser artesã, trabalhando com pinturas e texturas personalizadas em objetos de madeira. 
Sempre que via os cavacos, estimulavam muita criatividade pelas formas únicas que apresentavam, imaginando como poderia utilizá-los. Imaginava escultura 3D, porém optei por 2D, quando descobri a resina que uso, sem agredir o resultado final, pois é transparente e muito fluído.
Minha proposta artística consiste em utilizar metais (alumínio, aço, cobre, ferro, latão, aço inox) aplicados sobre telas (canvas), originando trabalhos minimalistas e orgânicos. Os metais aplicados não agregam peso significativo para a obra, uma vez que a espessura é decimal. Estes metais são aplicados após pintura acrílica, e com uma resina que não interfere no resultado final, trazendo leveza à aplicação. Os metais utilizados são garimpados em mecânicas de usinagem, que são "sobras" dos serviços executados, e que muitas vezes se perdem no processo de reciclagem, portanto agrego também a questão da sustentabilidade ao meu trabalho. Estes metais em sua maioria possuem "vontade própria", sendo obrigada a respeitar suas características estruturais, quando viável altero sua forma para alcançar minha proposta. O resultado é um trabalho exclusivo, já que o material garimpado muitas vezes é único."