sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ana Maria Brito Arantes, uma Conceituada Artista e Grande Mulher.




Por Ernesto Simões

Incondicionalmente neste meu blog tenho total liberdade de escolher os temas que considero relevantes e que a mim despertam  interesse. Hoje me privilegio em fazer aquilo que gosto e quando assim Deus me permite realizar.

Pedi permissão e com sua delicadeza e simpatia fui positivado por Ana Maria Brito Arantes a expressar a minha  admiração e explanar sobre sua vida e trajetória artística, rica em experiências e que nos oferece em seu conteúdo, uma grande lição. 

FOTO BY LITA CERQUEIRA -RIO DE JANEIRO -1987
 NO ANIVERSÁRIO DE CAZUZA

Somos da mesma geração pois nasci em 1956 e como tal acompanho a posição da mulher e seu espaço num mundo e sociedade preponderantemente machista e desta forma o sexo mistificado como frágil e sempre colocado numa postura  de submissão se revela através de sua pessoa desmistificado e por isso exalto esta mulher que com muita personalidade, garra e destemor, trilhou seus caminhos com determinação e desta forma construiu sua vida, trajetória, e profissão e assim, mais que sucesso, obteve plena realização.
Por tudo isso falar desta pessoa e artista é para mim um imenso prazer, sua vida sempre foi norteada de grandes decisões, crendo em si e trilhando seus caminhos numa constante evolução.




Aninha como é chamada pelos íntimos é escorpiana, nasceu no dia 11 de novembro de 1953, na cidade de Paulo Faria, São Paulo e seus pais Amoacyr Arantes Pires e Irany Brito Arantes, fazendeiros, com raízes fincadas nesta cidade, permitiram à sua filha desde cedo, trilhar seus caminhos e assim ela fez e cumpriu brilhantemente. Das muitas amizades construídas e familiares em São José do Rio Preto, onde  estudou  da quinta série até o término do segundo grau, formando-se para professora primária, cidade que até hoje, conserva estes laços afetivos. Muito jovem foi para Cidade de São Paulo, fez cursinho  universitário e cursou o primeiro ano da faculdade de Letras Tibiriçá, abandonando. Posteriormente estudou arquitetura em Mogi das Cruzes, curso que completou, porém  o diploma nem pegou. Desta forma sempre na busca de realização seguiu sua   trajetória, se direcionando na carreira artística, da fotografia à televisão e cinema além de várias outras incursões, sendo um dos nomes e pessoas mais respeitadas e queridas neste universo artístico.




Em 1972 Ana, com 19 anos, num feriado prolongado, visitou seus pais, na Fazenda, em Paulo Faria e logo aproveitou para rever amigos e  parentes em São José do Rio Preto, e numa reunião informal na Casa de Cultura se encontrou com Gilberto Gil que estava realizando show na cidade e deste prazeroso contato, se torna também no futuro, amiga de amigos do cantor, os irmãos Augusto e Haroldo Campos e em 1973, de Caetano Veloso.
Caetano quando esteve  a fazer show em Rio Preto, procurou Aninha, por telefone indicado por Gil, e assim conheceram-se e são amigos até hoje.






Destas novas amizades, sua inserção no contexto musical e cultural de São Paulo, onde residiu enquanto estudava, se ampliou cada vez mais, fazendo crescer definitivamente o seu interesse pela fotografia. Como filha única, desde a infância foi fotografada por profissionais contratados pelo seu pai, de quem também ganhou sua primeira câmera quando ainda adolescente e desta forma a arte de fotografar passou a ser uma das suas grandes paixões, pois ao revelar sua primeira foto, se encantou, despertando ainda mais sua vocação.





Fez curso de Fotografia durante 3 anos na Escola Panamericana e Artes de São Paulo, revelando assim sua busca de emancipação e com grande determinação exerce seu primeiro trabalho como fotógrafa no Jornal da Tarde, desta cidade, o que a aproximou de um dos mentores do grupo de rock Barão Vermelho, Ezequiel Neves, pois como fotógrafa fazia coberturas de musicais preferencialmente de rock.





Desta forma a fotografia e o universo artístico já incorporados à sua vida, a fez decidir estudar nos Estados Unidos, para aprimorar-se e para isso tinha de captar verbas para concretizar mais um desejo de realização naquilo que fazia. Retornou à Rio Preto,
 montou um estúdio fotográfico com o amigo Leopoldo Micelli, onde realizaram mais de 300 fotos das famílias da cidade. Nesta ocasião realizaram duas exposições na Galeria Casa Grande e tiveram suas fotos publicadas no Jornal Dia e Noite, na coluna de Amaury Jr e no Jornal A Notícia , na coluna de Waldner Lui. 

Este seu fascínio pela fotografia foi que a impulsionou a cursar fotografia e iluminação na New York University,   mas logo abandona e se tornou correspondente internacional da revista Interview, quando foi morar em Los Angeles. Nesta cidade  dividiu o apartamento com seu amigo Gilberto Gil e a esposa Sandra, que lá residiam.
Em todo seu percurso até então, Aninha revelava além do seu  seu talento, inquietude, capacidade de decisão e convicção nas suas buscas.

De volta a São José do Rio Preto expôs no atelier de Liliana Cal, fotos impressas em Xerox colorido "Um olhar sob Nova York. Esta exposição foi também mostrada na Fotótica de São Paulo. Realizou na Sociedade dos Engenheiros de São José do Rio Preto a exposição "Swift – por mais um espaço cultural" com fotos sobre o prédio da Swift. Trabalhou no estúdio de Vânia Toledo, como assistente da fotógrafa e na produção de seu livro “Homens" juntamente com Antonio Bivar e Wesley Duke Lee. Para a gravadora Poligram fez as fotos de encarte do disco “Cores e Nomes" de Caetano Veloso.Realizou sua última exposição fotográfica no Rio Preto Automóvel Clube, de São José do Rio Preto, onde fotografou os associados da entidade.

A partir de então incursionou na televisão realizando vários trabalhos como assistente de novelas e direção, assim como fez trabalhos em grandes gravadoras, com famosos cantores  além  do teatro e cinema, assim como campanhas políticas. Em tudo Ana foi sempre bem sucedida com sua garra e talento.


Um resumo desta sua nova  trajetória :

  • A convite de Roberto Talma foi trabalhar na TV Bandeirantes, onde atuou como asssistente nas novelas: "Ninho das Serpentes, Braço de Ferro, e o Musical do Festival de Músicas de Águas Claras."
  • Transferiu-se junto com Roberto Talma para a Rede Globo do Rio de Janeiro, onde foi assistente da novela “Partido Alto" da autora Glória Perez.
  • Fez o curso de direção de atores, na escola de Wolf Maia. Trabalhou como assistente de direção da novela "Tititi" de Cassiano Gabus Mendes.
  • Foi assistente de direção do especial "Cida Gata Roqueira", de Euclides Marinho e Nelson Motta.
  • Engajou-se na campanha pelas Diretas Já.
  • No programa Fantástico, trabalhou na direção da apresentação dos musicais e depois realizou vários clipes para o programa, como diretora.
  • Dirigiu, juntamente com Roberto Talma: "Cazuza, uma prova de amor", onde atuou como diretora e roteirista.
  • No especial "Tim Maia" atuou como diretora.
  • No programa Mulher Noventa, de Daniel Filho dirigiu dois vídeo clips dentro do programa
  • No especial Chitão Zinho e Xororó contribuiu com o diretor Luiz Fernando de Carvalho como roteirista.
  • Nas oficinas da TV Glogo fez os seguintes cursos: Roteiro de cinema e TV; Direção para fotografia de vídeo e cinema; Edição e montagem.
  • Sua verdadeira escola foi os 15 anos que atuou ao lado do diretor de núcleo da TV Globo, Roberto Talma, um dos mais talentosos e competentes diretores de televisão da atualidade.
  • Trabalhou na campanha do então candidato ao governo do Paramá, Jaime Lerner, em que o candidato se saiu vitorioso.
  • Dirigiu e roteirizou o show “Viva Cazuza", na praça da Apoteose do Rio de Janeiro, cujo evento se transformou em vídeo e disco pela gravadora Poligram.


  • Na gravadora Poligram atuou realizando vários vídeo clipes para os artistas da gravadora. Trabalho que também exerceu na gravadora W.E.A.
  • No teatro foi assistente de direção da peça "Miss Banana" de Wolf Maia, que tinha no elenco a atriz Regina Duarte.
  • Foi asistente na peça “Estrela Dalva" de direção de Roberto Talma com a atriz Marília Pêra.
  • No cinema foi assistente de direção do filme "O Corpo", de José Antonio Garcia, que tinha como atores Marieta Severo, Antonio Fagundes e Cláudia Gimenes.
  • No SESC de São José do Rio Preto, criou junto com o artista plástico Araguai Garcia a instalação "Centro da Atenções", em uma feira cultural dos anos 90.
  • Ainda na TV Glogo, dirigiu a novela "De Corpo e Alma" de Glória Perez.
  • Durante três anos atuou como diretora do programa “Você Decide".
  • Criou e dirigiu as primeiras campanhas de prevenção contra a AIDS, para a sociedade Viva Cazuza, que foi exibida em todas as emissoras de TV do Brasil.
  • Dirigiu, roteirizou e iluminou vários comerciais em São José do Rio Preto para a fábrica de refrigerantes  Arco Íris.
  • Dirigiu, roteirizou e iluminou o show do cantor Orlando de Morais mo espaço cultural Aeroanta em São Paulo e também o show do cantor no teatro Ipanema do Rio de Janeiro.
  • Dirigiu, roteirizou e iluminou o show de Bebel Gilberto, na boate People no Rio de Janeiro.
  • Para a Globo Vídeos participou do grupo de criação do vídeo “O tempo não para" de Cazuza.
  • Foi assessora de secretaria de cultura de São José do Rio Preto, quando o secretário era o jornalista Waldner Lui.

O reconhecimento  desta grande artista , além dos resultados alcançados em todas as suas incursões, vem ser notabilizado com prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o International Film and Television of New York.



Desta forma a sua  carreira está consolidada e o sucesso é conquistado, porém  em 1996, Ana sofre com hemorragias, e descobre um problema no útero, e com a cirurgia e biópsia,  detecta cancer  e com a retirada do orgão, não poderia mais ser mãe biológica. 

Mas o seu desejo falava mais forte, pois amor de mãe ultrapassa estes limites e mais uma vez demonstra determinação, se increvendo num programa de adoção.



A vida de Ana passa por grandes mudanças e agora nesta nova etapa, o sofrimento com a doença e uma grande realização proporcionará um  novo rumo à sua vida,  o momento de mais uma realização pessoal, como  mãe, iniciando assim um novo ciclo.









Ana Maria Brito Arantes com seus filhos: Vicente Brito Arantes  e Rita Brito Arantes

Esta parte de sua vida assim como toda sua história muito bem relatada, nestes textos a seguir por mim selecionados e  extraidos do artigo  de Michelle Berti: (http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=203&IdNoticia=110616)


"....Ana se submete a uma segunda cirurgia, agora para a limpeza. É a fase mais difícil de sua vida. Ela engorda muito, tem depressão, síndome do pânico. Deixa a carreira no Rio e decide voltar para Rio Preto. Ela abre a porta de seu apartamento, no sétimo andar. Nem se importa com as correspondências que se acumulam em frente à porta. Ana quer apenas deitar, dormir, esquecer da vida. Mas o telefone, que parece sempre querer acordá-la, lhe traz, vinte anos depois de Caetano Veloso, uma nova surpresa...




"Ela reconhece do outro lado da linha, a voz da assistente social do programa de adoção.
"Tenho uma novidade boa, muito boa. Seu filho chegou, ou melhor dizendo, seus filhos. São gêmeos. Um menino e uma menina". "As palavras faltam na boca de Ana. O sentimento de tristeza salta para o de felicidade em um segundo, e no segundo seguinte transforma-se em desespero. Ela não tem uma mamadeira sequer em casa. Nem fraldas, nem berço, nem roupas de criança. Absolutamente nada. Também não tem nenhuma experiência materna, além das brincadeiras de boneca da infância. Atordoada, ela liga para um amigo.
- Vou com você buscar as crianças. E no caminho a gente compra um livro".
"Com seis dias de idade, chegam aos braços e à casa de Ana os bebês Rita e Vicente. Ela contrata uma enfermeira, e conta com a ajuda incondicional de Maria, que já trabalhava com ela anteriormente. A mudança repentina de vida é que ajuda Ana a se recuperar da depressão, o que leva mais de um ano. Depois de recuperada, a mãe de Ana é quem fica doente. Ela cuida da mãe, dos filhos, e pouco a pouco deixa de lado a carreira construída em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas o interesse pela arte e as amizades construídas ao longo da vida permanecem. Em 2005, a amiga Lucinha Araújo pede a Ana um documentário sobre a vida de seu filho Cazuza. Ela reúne as imagens, os depoimentos, os videoclipes. "
"O produto está pronto, mas não foi lançado devido a problemas com direitos de imagens. O próximo trabalho ela também já tem na cabeça".

-" Será um filme sobre um jornalista, que, desiludido com a vida em São Paulo, se muda para o interior. Ele fica encantado com a pequena cidade. Mas depois descobre que a vida ali é a mesma coisa: os políticos são corruptos da mesma forma, as pessoas são interesseiras. Enfim, são os mesmos problemas em um universo menor. Quem conhecer situações assim, enviem e-mail: ritili_kitty@hotmail.com. Não precisa se identificar se não quiser. Quero apenas conhecer histórias para construir os personagens". 

"Enquanto prepara o filme, Ana se divide entre a casa em Rio Preto e a fazenda em Paulo de Faria, que ela administra depois da morte dos pais. Os filhos, já com 11 anos, dão sinais ainda tímidos de que seguirão os passos da mãe. A menina, que ouve toda a entrevista, fica entre encantada e orgulhosa ao ouvir a história de Ana e vê-la retratada nos quadros e fotos que ela mantém em seu escritório. O menino é tímido, até receber em mãos uma máquina fotográfica. Por essas e outras, ao olhar para trás, ela garante que é feliz. O riso de Ana, solto, alto, daqueles de encher toda a sala, mostra que sim"


Minhas Conclusões :

Ana Maria Arantes além de uma artista super talentosa, sempre em busca de novos horizontes, foi uma mulher além do seu tempo, com toda uma realização pessoal e profissional que nos encanta e a faz hoje merecedora de toda admiração pelo exemplo de vida, como ela realmente deve ser vivida, intensamente, vencendo barreiras, obstáculos,   buscando ser feliz e sendo vitoriosa.  
Uma pessoa que o sucesso não a desestruturou, não a fez perder sua identidade, e nem se afastar dos laços construídos ao longo de sua vida, pois sempre  em todo seu percurso manteve uma linha de continuidade na relação com a cidade de São José do Rio Preto, para onde sempre, em vários momentos retornou e inclusive profisionalmente, mesmo depois de ter conquistado uma carreira sólida no âmbito Nacional e Internacional, nesta cidade trabalhos sempre realizou e em vários momentos morou. Coisa rara nos tempos de hoje e por isso se ainda não recebeu este reconhecimento, ressalto aqui  como Ana em sua história de vida eternizaou Rio Preto,  e isso a faz   digna de homenagem, não só pela grande personalidade do mundo artistico e cultural brasileiro, nascida em Paulo Faria mas filha de São José do Rio Preto, de Coração. Pois assim sempre fez em sua vida com suas amplas liberdades de escolha.
E esta ampla liberdade, aspecto marcante em sua trajetória e vida enfatiza e registra com sua postura a importância de permitir ao ser humano liberdade de escolha para trilhar sua vida e que esta seja sempre para uma constante evolução, crescimento e construção dos ideais.
Mais além que os aspectos profissionais Ana Maria Arantes mulher, mesmo impedida de realizar por motivos de saúde o sonho da maternidade,  no momento mais cruxial de sua vida, não desistiu e com coragem e por amor se desafiou e foi mais que mãe biológica,  mãe de verdade, pois assim adotou seus amados filhos e com dedicação os criou. Um exemplo de vida. 



Para finalizar  depoimentos de pessoas ligadas a Ana Maria Arantes:

Elvirinha Brito Gonçalves, que de forma afetiva fala de sua prima e afilhada:
"Sou prima e sua madrinha, filha de um irmão da mãe dela. Meu pai se chamava Elysio de Almeida Britto, casado com Josephina de Marco Britto, minha querida mãe... Sua mãe foi minha professora do primeiro ano de grupo escolar. Eu nasci em 1944 e ela 1953. Tomei conta dela quando ainda criança. Foi sempre uma linda criança, mocinha e adulta. Menina que vivia sempre um tempo à frente de tudo. Linda, inteligente, carinhosa, criativa, sociavel, culta (sua biblioteca é de fazer inveja para qualquer um; belíssima e com autores com edições esgotadas), viajada, enfim falar da Aninha é falar de poesias, prosas ...e ai vai...Amo essa menina de paixão. Sempre fomos bastante ligadas. A união da família contribui para isso. Como sou Crítica de Arte, a nossa linguagem fica mais fácil. Gostamos quase sempre das mesmas coisas!! O seu gosto é refinadíssimo e apurado. Sempre foi uma guerreira. Vive intensamente. Para ela não existe meio....INTEIRO É A REGRA!!!

Carmensita Brito Brito, irmã de Elvirinha e prima de Ana Maria Brito Arantes:

Prima querida! afetiva, generosa, inteligente, deixo aqui toda a minha admiração pela Aninha, que DEUS a proteja sempre! e um abraço e muito obrigada pela homenagem à essa criatura que amamos tanto!






Sites utilizados para pesquisa e obtenção de dados sobre a trajetória e vida de Ana Maria Brito Arantes para realização desta matéria, assim como documentação fotográfica:




2 comentários:

  1. Desculpa a demora em te responder. Mas fiquei muito honrada por estar no seu blog junto a pessoas tão especiais q vc homenageia.
    Obrigado,
    Ana Arantes

    ResponderExcluir

AGRADEÇO A VISITA E FIQUE A VONTADE PARA TECER COMENTÁRIOS OU ACRESCENTAR INFORMAÇÕES SOBRE
O TEMA ABORDADO